terça-feira, 5 de abril de 2011

A propósito de Inclusão …Necessidades Educativas Especiais e interacção entre pares – a inclusão versus exclusão social



Nem sempre a experiência interactiva da criança é uma tarefa fácil de concretizar. A contingência, precariedade e melindre que caracterizam tais acções, ao remeterem as crianças para a procura de novos parceiros ou para a tentativa de entrar numa outra actividade ou para se manterem sozinhas, despoleta inferências que nos conduzem à visibilidade dessa dificuldade. A essa dificuldade podem juntar-se outras que se podem tornar mais visíveis quando, do ponto de vista das crianças, se detalham as heterogeneidades e desigualdades biopsicosociais que subjazem às suas semelhanças atribuídas e se consideram as inúmeras possibilidades que os actores têm de jogar estrategicamente com elas para serem aceites, aceitar, rejeitarem ou para procurarem ultrapassar a rejeição.


Todavia, se as culturas da infância são também o espaço no qual essa experiência ocorre, esse espaço é definido pelos modos como as crianças se percebem iguais versus diferentes e, sobretudo, pelos desempenhos que manifestam e revelam nas acções sociais quotidianas. É aí que as diferenças percebidas ou atribuídas se explicitam individualmente, se confrontam com as dos outros e são alvo de avaliação recíproca.
Se para poder participar na cultura de pares é vital que as crianças desenvolvam acções com outros-crianças desde que chegam ao JI, só o acesso a experiências concretas e implicadas na comunidade de crianças, aprendendo com elas, socializando-se umas às outras e sendo socializadas, lhes permite, reflexivamente, compreenderem-se como tal e apurar o seu sentido de similaridade ou diferença. São essas experiências que lhes permitem ultrapassar o vazio de um sentido de pertença meramente categorial ao mundo das crianças.
Estar incluído num grupo de pares, atribuir-lhe um sentido de pertença, não significa somente estar presente fisicamente, mas antes ser-lhe permitido participar na construção do sentido de pertença a esse grupo e de uma cultura de pares. A maior parte das vezes acontece a negação desse direito de participação, sobretudo quando a criança se apresenta como diferente por via de uma Necessidade Educativa Especial. Esta vulnerabilidade, articulada entre si e tornada estrutural, constitui uma barreira à inserção e ao sentido de pertença e de identificação simbólica dos indivíduos e dos grupos. Pela inviabilização de usufruto pleno do direito de participação, acontece que essa criança pode vir a ser excluída do seu grupo de pares inclusivamente ao nível das interacções com outros-crianças.
Se o processo de desenvolvimento pessoal e social das crianças é, essencialmente interactivo, envolvendo relações e interacções com outras pessoas, a construção da dimensão simbólica (dimensão moral e dos valores) está estritamente relacionada com a natureza interactiva do desenvolvimento pessoal e social. Para desenvolver a noção do eu, as relações com a família e com outros adultos “significantes” não podem ser subestimadas, e o efeito provocado pelo grupo de pares e pelas amizades também é significativo.
A forma como as crianças se vêem a si mesmas é significativamente alterada pelo modo como as pessoas que, para elas são importantes, as abordam e reagem. Para todas as crianças, seja de forma consciente ou inconsciente, a questão mais importante é: «Será que sou aceitável, será que gostam de mim?». As abordagens e as reacções das pessoas que as rodeiam influenciam profundamente a noção do eu que se está a desenvolver – positiva ou negativamente.
Quer a inclusão quer a exclusão, são processos em que todos, de forma mais ou menos implícita, estamos implicados enquanto cidadãos.



Na nossa sala de aula, brincamos, jogamos, partilhamos, aprendemos… JUNTOS.
Assim, conseguiremos decerto, construir o caminho da inclusão.











Turma: 1º B
Docente da Educação Especial: Olinda Vaz